5 de fev. de 2010

TRAUMAS DE CRIANÇAS ABUSADAS

O Trauma Infantil


Normalmente o que se chama de trauma em uma criança, é quando esta é abusada sexual, física, emocional ou mentalmente.

O que muitos de nós não percebemos é como que pequenos acontecimentos podem ser traumatizantes.


Os Maus Tratos na infância ocorrem no dia a dia do Brasil .

É comum caso de crianças deixadas acorrentadas em cômodos escuros, por semanas ou durante meses; crianças pequenas que ficam fechadas em seu próprio berço por dias e dias; crianças que são dependuradas pelos seus punhos em canos de chuveiro ; crianças que sofrem exposição prolongada a temperaturas extremas, ou forçada a ficarem sentadas, nus, sobre blocos de gelo; castigos térmicos diversos, indo desde a queimadura com brasa de cigarros, ou a obrigatoriedade de "secar as calças molhadas", sentando encima de uma estufa, ou mergulhando em água fervendo...

As pessoas a partir de suas experiências da vida passam a criar barreiras e limites de proteção e segurança.

Um trauma é uma situação que rompe essas barreiras e limites que faz com que a pessoa paralise no tempo e no espaço.

Excede todos os limites de segurança e suporte.

A criança é como terra fofa molhada, o trauma é como uma pegada, deixando marcas profundas e muitas vezes irreversíveis.

O trauma deixa Traços Mnemônicos que são como marcas, sempre que é revivido com intensidade provoca retraumatizações.

O afeto fica preso dentro das marcas, quanto mais profunda marca mais o afeto fica aprisionado.

O afeto precisa ficar livre porque representa energia de vida.

O trauma é uma marca muito profunda que prende o afeto, então se precisa criar uma maneira para que o afeto se libere de forma segura.

Maus tratos na infância não provocam apenas traumas psicológicos reversíveis.

Mas também danos permanentes no desenvolvimento e funções cerebrais.

Os hemisférios esquerdos de pessoas vitimadas pela violência desenvolvem-se significativamente menos do que deveriam.

Os abusos feitos na primeira infância, parecem, que induzem a uma cascata de efeitos moleculares e neurobiológicos, que alteram de modo irreversível o desenvolvimento neuronal.

Os abusos provocam uma redução média de 9,8% no tamanho da amígdala esquerda, que se correlaciona com sentimentos de depressão, irritabilidade ou hostilidade.

Os pacientes maltratados tem o córtex direito claramente mais desenvolvido, muito embora todos fossem destros e, portanto, tivessem o córtex esquerdo dominante.

O hemisfério esquerdo é especializado na percepção e expressão da linguagem, enquanto o direito se especializa no processamento de informações espaciais e no processamento e expressão de emoções - particularmente emoções negativas.

Crianças que haviam sido submetidos a abusos ou abandono, as partes centrais do corpo caloso eram significativamente menores do que nos grupos de controle.

Além do mais, em meninos, o abandono tinha um efeito muito maior do que qualquer outro mau trato.



Os Primeiros Socorros

Após um evento traumático, a criança fica extremamente vulnerável e devem ser cuidadas com muita atenção e carinho.

Ela não consegue ter um entendimento claro do que aconteceu e apresentam uma grande dificuldade para comunicar o que sentem.

Os principais cuidados devem ser:

1.
Abrace-as e as toque com freqüência, tente formar um escudo de amor em torno delas.

2.
Passe bastante tempo com as crianças, especialmente antes de dormirem.Reafirme freqüentemente que vocês estão juntos e a salvo.

3.
Fale com elas sobre o desastre de una forma simples e honesta. Não minimize nem exagere a situação.

4.
Mantenha-las informada de qualquer problema que possam afetá-las diretamente.

5.
Pergunte sempre sobre os seus sentimentos a respeito do desastre.

Estimulem a falar sobre como se sentem, sobre seus medos e preocupações, sobre o que pensam.

Se as crianças se recusarem a falar, pergunte sobre como as outras as crianças pensam e sentem.

6.
Diga as crianças como se sentiu durante o desastre.

Deixe que percebam que seus sentimentos são parecidos com os seus apesar de serem mais novos.

7.
Não coloque os seus medos com relação ao futuro.

É importante para as crianças que os adultos se mostrem seguros e esperançosos sobre o futuro.

8.
Não coloque os seus medos para as crianças.

Cuidado pois os seus medos podem fazer com que os mantenham a seu lado e durma sem elas.

9.
Façam com que as crianças percebam que você aceita os sentimentos delas.

Se seu filho ou aluno sente vontade de chorar, diga-lhe que é muito bom que chore e expresse os seus sentimentos.

Não tente disfarçar os sentimentos das crianças.

Seja um bom ouvinte.

10.
Motive as crianças a desenhar, colorir, escrever, brincar a se manifestar a respeito do trauma. Isto ajudará as crianças e a você a entender como sentem a respeito do que houve.

11.
Quando estabelecem brincadeiras que se referem ao trauma, ajude-os para que esta tenha um final feliz, pois agora eles estão a salvo.

12.
Mantenha as rotinas familiares ou da sala de aula.

E na medida do possível, faça coisas habituais e conhecidas pelas crianças, como por exemplo: contar uma história antes de dormir, deixar que durmam à tarde.

Isto proporcionará um sentimento de segurança.

13.
De as crianças tarefas produtivas e apropriadas a sua idade.

Permita que faça parte do esforço familiar para responder ao problema.

14.
Reconheça e premie com palavras de aceitação, quando as crianças se comportam de uma forma responsável.

15.
Espere carinhosamente de 3 a 4 semanas para que os comportamentos regressivos ou agressivos desapareçam.

16.
Não faça a seus filhos e crianças promessas que não possam cumprir.


Em acidentes, desastre ou traumas que envolvem morte, siga as seguintes diretrizes:

1.
Em casos em que haja morte deve-se tratar de uma forma real e concreta.

Dizer que a morte é permanente e que causa realmente uma grande tristeza aos que continuam vivos.

Nunca deve se culpar uma criança pela morte de outros.

2.
Não diga às crianças que os mortos estão felizes em companhia de Deus. As crianças não conseguem entender este conceito e podem desejar morrer para ficar com esta pessoa.


Cartilha


O que é um Trauma?

Normalmente, o que se chama de trauma, em uma criança, é quando esta é abusada sexual, física, emocional ou mentalmente.

O que muitos de nós não percebemos é como pequenos acontecimentos podem ser traumatizantes.

As pessoas, a partir de suas experiências de vida, passam a criar barreiras e limites de proteção e segurança.

Um trauma é uma situação que rompe essas barreiras e limites, que faz com que a pessoa paralise no tempo e no espaço.

Excede todos os limites de segurança e suporte.

O trauma deixa marcas e, sempre que voltam as lembranças, essas marcas vão se aprofundando.

O trauma aprisiona os sentimentos fazendo com que as pessoas só pensem no que aconteceu.

Quando acontece um Trauma?

Ao contrário do que possa parecer, uma criança é extremamente exposta a traumas.

Os adultos com suas experiências de vida, vão endurecendo o couro, são capazes de suportar exigências grandes, xingamentos e punições sem serem traumatizadas.

As crianças são como terra fofa ou molhada, qualquer trauma é como se fosse um buraco profundo e fácil de fazer.

Esses buracos, às vezes, ficam para o resto da vida, causando maus humor, tristeza e doenças.

Quando tratamos as crianças traumatizadas no começo da vida, fazemos com que esse buraco seja tampado, criando um adulto normal e feliz.

Como acontece um Trauma?

A maioria dos traumas acontece dentro de casa, e as principais causas são:

Abandono - este é o que causa mais problemas futuros às crianças.

O abandono é deixar de prestar os cuidados básicos como: saúde, educação, alimentação, higiene corporal, lazer, etc.

Sendo que alguns pais realmente abado-nam as crianças em creches, escolas ou com outras famílias.

Violência Física - é a agressão física feita com as crianças por pais, parentes ou responsáveis, podendo ou não causar lesões ou ferimentos no corpo.

Violência Sexual - é quando um adulto ou adolescente faz um ato, jogo ou relação sexual com uma criança ou adolescente com menos idade.

Isso pode acontecer com ou sem força física, onde a finalidade única é o prazer sexual dos adultos.

Castigo Excessivo - algumas crianças realmente fazem algumas travessuras que são além da conta, mas isso é uma forma de chamar a atenção dos pais.

Alguns pais, muitas vezes, por terem sofrido castigos ou surras excessivas na infância, acham que essa é a melhor forma de criar os filhos.

Castigos e surras excessivas marcam uma criança para o resto da vida, podendo criar revoltas e adolescentes infratores.


ATENÇÂO

Todas as criança, adolescentes ou adultos precisam de CARINHO.

O carinho é saudável, necessário para o desenvolvimento de todo o ser humano.

Como se comportam crianças que sofreram um Trauma

Aqui estão algumas das reações mais comuns a uma criança que é exposta a um trauma.

Essas reações podem começar imediatamente ou depois de um tempo.

Uma das primeiras reações acontecem durante o sono, e são:

. Pesadelos ou sonhos ruins ou assustadores;

. Conversar ou gritar durante o sono;


. A criança acorda durante toda à noite, normalmente agitada;


. Fazer xixi na cama;


. Dificuldade para conseguir dormir, quando expressam o medo de dormir.

Outra reação comum à criança que sofreu um trauma é sentir-se culpada, e se apresenta da seguinte forma:

. Sente-se culpada pela situação do trauma;


. Sente-se culpada por tudo que acontece;

. Torna-se levada e agitada, parece que querendo ser castigada;


. Bom comportamento em excesso.

Outro comportamento que aparece é o que se chama de regressão.

A regressão é quando a criança assume atitudes e reações de uma criança menor, por exemplo:

. Agarramento excessivo;


. Não consegue ficar sozinho;


. Quer atenção o tempo todo;


. Age como um bebê.

Essas reações são normais e passam com o tempo.

Se a criança está presa ao trauma e não consegue progredir, peça ajuda de psicólogo infantil ou outro profissional de saúde mental.

Há tratamentos efetivos e sem remédios para ajudar as crianças e suas famílias a recuperarem-se de um trauma emocional.

Como se comportam adolescentes que sofreram um Trauma

Os adolescentes, ao sofrerem maus-tratos ou traumas, apresentam muitos sinais.


Eles são um PEDIDO DE AJUDA.

É importante que os pais estejam atentos, antes que seja tarde demais.

Os PRINCIPAIS SINAIS SÃO:

. Choros constantes;


. Medo;


. Ter pesadelos e acordar gritando;


. Tentativas de suicídio;


. Marcas de violência no corpo;


. Conhecimentos precoces sobre sexo;

. Ataques de nervosismo, sensação que vai morrer;


. Silêncio e fechamento excessivo;


. Baixo rendimento escolar;


. Rejeição das pessoas que gosta;

. Sentimento de inferioridade.

Caso alguns destes sinais apareçam, consulte um profissional que esteja treinado para isso.

Ou procure nossa equipe para maiores informações.


Feridas ocultas


A triste realidade de crianças que sofrem abusos

Está provado.

Maus tratos na infância não provocam apenas traumas psicológicos reversíveis.

Mas também danos permanentes no desenvolvimento e funções cerebrais.

Scientific American

Pesquisas revelam um forte laço entre maus tratos físicos, sexuais e emocionais e o desenvolvimento de problemas psiquiátricos.

Mas, até o início dos anos 90, profissionais da área de saúde mental acreditavam que as dificuldades emocionais e sociais ocorriam principalmente por meios psicológicos.

Os maus tratos na infância eram vistos como causadores do desenvolvimento de mecanismos de defesa intrapsíquicos, responsáveis pelo fracasso do indivíduo na idade adulta.

Ou como paralisadores do desenvolvimento psicossocial, mantendo a vítima presa à condição de "criança ferida".

Os pesquisadores achavam que os danos eram basicamente um problema de software, tratáveis com uma reprogramação via terapia, ou que podiam simplesmente ser apagados com exortações do tipo "esqueça" ou "supere".

Novas investigações sobre as conseqüências dos maus tratos na infância, mostram que o abuso infantil que ocorre durante o período formativo, provocam no cérebro conseqüências impactantes.

O extremo estresse pode deixar uma marca indelével em sua estrutura e função.

Tais abusos, induzem uma cascata de efeitos moleculares e neurobiológicos, que alteram de modo irreversível o desenvolvimento neuronal.

O efeito do abuso infantil pode manifestar-se de várias formas, em qualquer idade. Internamente, pode aparecer como depressão, ansiedade, pensamentos suicidas ou estresse pos-traumático; pode também se expressar externamente como agressão, impulsividade, delinqüência, hiperatividade ou abuso de substâncias.

Uma condição psiquiátrica fortemente associada a maus tratos na infância é o chamado distúrbio de personalidade limítrofe (borderline personality disorder).

O Trauma Infantil e a Neurofisiologia

A exposição precoce a várias formas de maus tratos altera o desenvolvimento do sistema límbico.

O sistema límbico é uma série de núcleos cerebrais interconectados (centros neurais), que desempenham um papel central na regulagem da emoção e da memória.

Duas regiões límbicas criticamente importantes são o hipocampo e a amígdala, localizados abaixo do córtex, no lobo temporal.

Acredita-se que o hipocampo seja importante na formação e recuperação tanto da memória verbal quanto da emocional, enquanto a amígdala está ligada à criação do conteúdo emocional da memória - por exemplo, sentimentos relacionados ao medo e a reações agressivas.

Os maus tratos na infância estimulam as amígdalas a um estado de irritabilidade elétrica elevada, danificando o hipocampo em desenvolvimento por meio de uma exposição excessiva aos hormônios do estresse.

Encontram-se anormalidades significativas de ondas cerebrais em dos pacientes com histórico de trauma precoce, essas anomalias aparecem nos EEGs de 72 % daqueles que haviam documentado histórias de abusos físicos e sexuais sérios.

As irregularidades apareceram nas regiões frontal e temporal do cérebro envolvendo especificamente o hemisfério esquerdo ao invés dos dois lados, como seria de se esperar.

Os pacientes maltratados tem o córtex direito claramente mais desenvolvido, muito embora todos fossem destros e, portanto, tivessem o córtex esquerdo dominante.

Os hemisférios direitos de pacientes que sofreram abusos desenvolveram-se tanto quanto os de jovens normais, mas seus hemisférios esquerdos ficaram substancialmente para trás.


O hemisfério esquerdo é especializado na percepção e expressão da linguagem, enquanto o direito se especializa no processamento de informações espaciais e no processamento e expressão de emoções - particularmente emoções negativas.

Crianças que são submetidos a abusos ou abandono, as partes centrais do corpo caloso ficam significativamente menores.

Sendo que o abandono tem um efeito muito maior do que qualquer outro mau trato.

Além disto, segundo Robert Scaer (2001), o trauma provoca uma redução do hipocampo, ocasionado uma diminuição da capacidade de absorver novas informações.

Isto acontece, porque a área de "Broca", responsável pela fala é afetada, com isto as terapias que são cognitivas se tornam ineficazes para abordar os traumas.

Então como Tratar ?

“A alma de gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos.

O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nosso domínio disfarçado de camundongo.

E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.”

Paulo Mendes Campos, Para Maria da Graça, in Para gostar de ler; crônica, São Paulo, Ática, 1979, v. 4, p. 73 e segs

Este é o grande impasse em Psicoterapia do Trauma, se as terapias que são cognitivas se tornam ineficazes, como trabalhar a possibilidade de uma aproximação eficaz na criança ou adolescente, proporcionando adultos saudáveis.

A partir disto o Projeto Trauma Infantil tem criado aproximações que utilizam métodos tradicionais associados a novas teorias/técnicas, buscando trabalhar formas mais efetivas de psicoterapia com crianças que sofreram traumas.

Começamos a introduzir novas ferramentas como a Hipnose, o Tapping, Técnicas de Segurança, Técnicas de Retenção.

Sendo que estas ferramentas se associam às técnicas terapêuticas de forma harmoniosa e simples

O tratamento e a dessensibilização de traumas deve ser um trabalho cuidadoso e feito passo a passo. Inicialmente devemos instalar segurança e proteção e depois ir resolvendo o que esta por trás das defesas.

As crianas a partir de suas experiências da vida passam a criar barreiras e limites de proteção e segurança.

Um trauma é uma situação que rompe essas barreiras e limites que faz com que a criança paralise no tempo e no espaço.

Excede todos os limites de segurança e suporte.

A Hipnose atua no cérebro em várias áreas, escapando a armadilha de Scaer (a área de "Broca", responsável pela fala é afetada, com isto as terapias que são cognitivas se tornam ineficazes para abordar os traumas).

Além disto, utiliza simbolismo (metáforas) como uma ferramenta que permite protegidamente com que a criança recupere sua barreira de proteção e segurança.

O trauma deixa Traços Mnemônicos que são como marcas, sempre que é revivido com intensidade provoca retraumatizações.

O afeto fica preso dentro das marcas, quanto mais profunda marca mais o afeto fica aprisionado.

O afeto precisa ficar livre porque representa energia de vida.

O trauma é uma marca muito profunda que prende o afeto, então se precisa criar uma maneira para que o afeto se libere de forma segura.

Os símbolos liberam o afeto de forma segura, liberando então a energia de vida que esta associada ao afeto.

Fontes

Apostila de Curso – A Psicoterapia do Trauma Infantil – Gastão Ribeiro
Feridas que não cicatrizam: a neurobiologia do abuso infantil - Martin H. Teicher - Scientific American

Scaer, R. (2001). The Body Bears the Burden: Trauma, Dissociation and Disease, Binghampton:The Haworth Press, 2001.

FONTE
\/
http://www.traumainfantil.kit.net/principal.htm

Nenhum comentário: